Você já ouviu falar que o BPC só é concedido se a renda da família for baixa, mas ficou na dúvida: afinal, quem entra nessa conta da renda familiar? Essa é uma das questões que mais geram confusão — e também indeferimentos do benefício.
Imagine a seguinte cena: Dona Maria mora com a filha e o netinho. A filha recebe um salário-mínimo, o neto recebe pensão alimentícia e Dona Maria precisa do BPC porque tem mais de 65 anos e não consegue trabalhar. A pergunta é: tudo isso entra na renda da família?
👉 É aqui que entra a regra da composição da renda familiar, um dos pontos mais importantes (e muitas vezes mal interpretados) no processo do BPC.
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O que é “composição da renda familiar”?
De forma bem simples, é a lista de pessoas e rendas que o INSS leva em conta para verificar se você tem direito ao benefício.
• Se a renda por pessoa da família for maior que 1/4 do salário mínimo, em regra, o BPC pode ser negado.
• Mas a boa notícia é: nem toda renda conta e nem todo parente entra na conta.
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Quem faz parte da família para o BPC?
De acordo com a lei (LOAS) e regulamentações:
✔ O idoso ou a pessoa com deficiência que pede o benefício.
✔ Cônjuge ou companheiro.
✔ Pais (ou madrasta/padrasto, se viverem no mesmo lar).
✔ Irmãos solteiros.
✔ Filhos e enteados solteiros.
✔ Menores tutelados.
🚨 Atenção especial:
• Filhos casados ou que vivam em união estável NÃO entram na composição familiar, ainda que morem na mesma casa.
• Essa regra é clara na lei e já confirmada pelos tribunais: só filhos solteiros podem ser considerados.
• O mesmo vale para outros parentes como avós, netos, tios: não entram na conta.
👉 Isso faz toda a diferença! Muitos pedidos de BPC são negados porque o INSS inclui filho casado no cálculo — e isso está errado.
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Que rendas entram na conta?
Agora vem a parte que todo mundo erra: não é qualquer dinheiro que entra.
Entram:
• Salário
• Aposentadorias
• Pensões (exceto alimentícia para criança ou adolescente, que pode ser excluída em alguns casos)
• Benefícios previdenciários e assistenciais
Não entram:
❌ BPC de outro membro da família
❌ Bolsa Família/Auxílio Brasil
❌ Benefícios indenizatórios (ex.: indenização trabalhista, seguro-desemprego)
👉 Curiosidade: Se duas pessoas da mesma família recebem BPC, o valor de uma não atrapalha a outra.
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Por que isso é tão importante?
Muita gente perde o direito porque o INSS conta rendas que não deveriam ser incluídas ou considera familiares que não deveriam estar na lista.
Exemplo real:
• Uma família de 4 pessoas, com renda de R$ 2.000.
• Pela regra, isso daria R$ 500 por pessoa, maior que o ¼ do salário mínimo.
• Mas se uma dessas rendas for Bolsa Família, ela sai da conta e o cálculo muda. Resultado: o idoso ou pessoa com deficiência pode ter o direito reconhecido.
Outro exemplo:
• Dona Joana pede o BPC.
• Mora com o marido aposentado (um salário-mínimo) e o filho casado que também trabalha.
• O INSS, muitas vezes, inclui o filho casado no cálculo.
• Mas pela lei, esse filho não entra na composição familiar.
• Resultado: a renda por pessoa pode cair e Dona Joana passa a ter direito ao benefício.
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Como usar isso a seu favor?
• Sempre revise o cálculo que o INSS fez.
• Confira se ele incluiu pessoas que não deveriam estar na composição familiar (principalmente filhos casados).
• Veja se algum valor entrou de forma errada.
• Se identificar falha, é possível recorrer administrativamente ou até judicialmente.
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Conclusão
O segredo para conquistar o BPC muitas vezes está na forma como a renda familiar é calculada. Entender quem entra e quem sai dessa conta pode ser o diferencial entre um indeferimento injusto e a conquista de um direito que garante dignidade e segurança.
✨ Se você ou alguém da sua família está passando por isso, não desanime: o caminho pode ser difícil, mas com a informação certa e apoio adequado, é possível virar o jogo.


